Um motor de combustão interna resume-se a uma seqüência cronológica de acontecimentos, os quais resultam em produção de energia.
Excluindo as características de resistência dos materiais empregados na construção de seus componentes, o ponto chave dos motores é a sintonia do giro do virabrequim com a abertura das válvulas de admissão e escape.
Quem manda na abertura das válvulas é o comando de válvulas, um eixo formado por ressaltos excêntricos (descentralizados), também chamado de cames, responsáveis por empurrar os tuchos e abrir as válvulas.
Este eixo é movimentado pelo virabrequim através de correia, corrente ou engrenagens.
O quanto a válvula abre (levante), o período que a mesma permanecerá aberta (duração) e o intervalo entre o levante máximo da admissão e do escape (lobe center) são grandes responsáveis pelo comportamento do motor. Por isso, a escolha sábia do comando é vital na preparação.
Construção e especificações
Os ressaltos de um comando são matematicamente calculados, desenhados e precisamente usinados no eixo.
O design desses cames é o que determina o levante e a duração do comando, enquanto a posição entre os cames de admissão e de escape de um mesmo cilindro define o famoso lobe center – características descritas a seguir.Existem modelos do tipo "eixo bruto" e "cópia".
Cida Fernandes, da Sam Cams, fabricante de comandos para performance, explica: “O eixo bruto pode ser fundido em ferro com liga de níquel ou maciço em aço, ambos posteriormente usinados para as dimensões desejadas.
Os cópia são um retrabalho feito em cima de comandos originais, onde os cames são retificados para novas medidas”. Comandos-cópia construídos com critério, e aí entenda como precisão de usinagem e tratamento térmico adequado, são confiáveis e acessíveis ao bolso.
O levante é a medida, expresa em milímetros ou polegadas, que indica o quanto à válvula se distanciará da sede de descanso no cabeçote. Teoricamente, quanto maior o levante, maior será fluxo de ar admitido. Em comandos para tuchos mecânicos, o levante é sempre informado com uma determinada folga de válvula maior, o levante é reduzido e, por outro lado, montado menor, o valor é ampliado. Comandos hidráulicos, por não necessitarem de regulagem de folga, têm o valor real de levante expresso em suas fichas.
A duração é a medida em graus do virabrequim de quanto tempo a válvula permanecerá aberta. Quanto maior a duração de abertura das válvulas, maiores são as chances de colocar ar dentro do cilindro e, conseqüentemente, de produzir mais potência. Para efeito de comparação entre comandos, como no caso do levante, as durações informadas nas fichas devem utilizar o mesmo método de avaliação. O padrão é informar a duração a uma folga de 0,005 de polegada. Por exemplo: um comando que tem 274º de duração, ao ser informado a 0,05” indica 234º.
Um ponto crucial no desempenho do motor, porém considerado apenas por preparadores experientes, é o lobe center. Para da cilindro, há cames de admissão e escape. E lobe center é exatamente a diferença em graus entre os picos dos dois ressaltos. Para os preparadores, a melhor faixa de lobe center está entre 104º e 115º. Como regra geral, as graduações mais baixas resultam em maior pressão no cilindro, pioram a marcha lenta, elevam o pico de torque e melhoram o desempenho em altas rotações. Valores altos geram torque em baixas rpm, suavizam a lenta e mantêm a cura de torque plana. Motores aspirados usam lobe center baixo, enquanto motores turbo agradecem valores acima de 110º.
Com essas informações, você não se tornará o mago dos comandos, mas certamente será capaz de escolher perfis e andar na frente de muitos adversários.
Fonte: Revista FullPower